Jéssica de Oliveira Silva
O que está por trás da adoção do bebê reborn?

O que está por trás da adoção do bebê reborn?
A prática do bebê reborn envolve a criação artesanal de bonecos hiper-realistas que imitam com impressionante fidelidade a aparência de recém-nascidos. Esses bonecos, conhecidos como “bebês reborn”, originada nos anos 1990 nos Estados Unidos, essa arte ganhou o mundo, conquistando tanto colecionadores quanto pessoas em busca de conforto emocional.
Um bebê reborn é composto de um boneco artesanal, feito de vinil ou silicone, com pintura e acabamento realistas que reproduzem detalhes de um bebê verdadeiro: textura de pele, veias, dobras, cílios e até peso corporal. São usados por colecionadores, artistas, cuidadores e pessoas em busca de conforto emocional.
Embora os bebês reborn sejam reconhecidos como ferramentas terapêuticas em alguns contextos, já em outros casos o seu uso crescente levanta questões éticas, emocionais e psicológicas que merecem reflexão. O realismo extremo desses bonecos, aliado ao forte apelo emocional que despertam, pode ultrapassar a fronteira entre afeto simbólico e substituição psicológica.
Um dos pontos mais preocupantes é o uso do bebê reborn por pessoas que enfrentam luto, como perdas gestacionais ou dificuldades emocionais sem o acompanhamento de profissionais de saúde mental. Nesses casos, o boneco pode se tornar um substituto ilusório de um filho perdido, dificultando o processo natural de luto e aceitação.
Além disso, o uso cotidiano dos bebês reborn como se fossem reais, levando-os em carrinhos, vestindo-os como crianças vivas, ou até simulando a amamentação pode causar estranhamento social e levantar dúvidas sobre os limites entre fantasia e realidade. A prática desses comportamentos são sinais de fuga emocional e uma tentativa de preencher lacunas afetivas profundas por meios não convencionais e pouco compreendidos.
Além disso, a comercialização intensiva desses bonecos, muitas vezes vendidos a preços elevados e com discursos fortemente voltados ao sentimentalismo, está colaborando para uma exploração comercial do sofrimento alheio. Em resumo, embora a prática do bebê reborn possa ser compreendida como expressão artística ou ferramenta terapêutica em certos casos, é preciso estar atento ao uso excessivo, às motivações emocionais por trás da prática e às implicações sociais de um comportamento que, para alguns, substitui o afeto humano por uma representação inanimada irreal.
Cuidados e Recomendações
1. Atenção ao aspecto emocional Se o bebê reborn está sendo usado para lidar com perdas, traumas ou dificuldades emocionais, é essencial buscar apoio profissional. O boneco pode ter valor simbólico, mas não substitui uma criança nem resolve, por si só, questões psicológicas profundas.
2. Contexto social e familiar O uso do bebê reborn em público ou no convívio social pode gerar reações diversas. É importante estar consciente disso e manter o equilíbrio entre o afeto simbólico e a realidade.
Antes de adquirir ou se envolver profundamente com essa prática, reflita sobre suas motivações e busque sempre informações confiáveis e apoio profissional quando necessário.
Jéssica Oliveira CRP 08/37555
Psicóloga Infantojuvenil, formada pela Universidade Paranaense – Unipar Sede. É especialista Psicologia Perinatal pela Fratelli e Educação Parental em Disciplina Positiva, Pós-graduada em Desenvolvimento Infantil e também em Terapia Cognitivo-Comportamental na Infância e Adolescência pelo CBI of Miami. Autora do Ebook infantojuvenil "Se Conhecendo para Crescer.
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