Jéssica de Oliveira Silva
Você conhece o Tralalero Tralala que seu filho está consumindo?

Vivemos na era do barulho, uma era em que o conteúdo perdeu espaço para o espetáculo, e onde o “Tralalero Tralala” está tomando conta. Essa mistura de frases vazias, imagens
brilhantes, ideias irreais e emoções plastificadas estão dominando boa parte da mídia.
Em um mundo cada vez mais recheado de cores vibrantes, musiquinhas viciantes e falas
aceleradas, essa linguagem se tornou dominante no universo infantil.
Presente em vídeos no Youtube, desenhos animados, aplicativos que se dizem educativos, brinquedos eletrônicos e até redes sociais. O que à primeira vista parece apenas diversão inofensiva, pode esconder efeitos negativos profundos no desenvolvimento das crianças e
adolescentes.
Visto que apresenta:
- Superestimulação sensorial - Luzes piscando, sons agudos, falas rápidas e músicas repetitivas sobrecarregando os sentidos.
- Reforço do consumo passivo - A criança assiste, repete o consumo e passa a ser um espectador passivo.
- Prejuízo na linguagem e no repertório emocional - O excesso de frases feitas, bordões e falas vazias atrapalha o desenvolvimento de uma linguagem rica e expressiva.
- Dificuldade de lidar com o tédio - Distração constante, não proporcionando o não saber o que fazer para a criança.
- Marketing disfarçado de entretenimento - Propaganda disfarçada para promover brinquedos, aplicativos e outras coisas que a criança não percebe estar sendo persuadida.
O tralalero tralala dificulta a concentração, torna o silêncio desconfortável e reduz a
tolerância a estímulos mais sutis. Levando a curiosidade a ficar anestesiada por um fluxo constante de estímulos prontos através de conteúdos irreais que não mostram tristeza, empatia, frustração ou cooperação. Ensinando a criança a rir sempre, cantar sempre, pular sempre e não olhar para as suas emoções, dificuldades e saber lidar com o resto da vida. Nem todo lalá é inofensivo, na verdade precisa de muito cuidado. Pois, as crianças precisam de tempo, silêncio, histórias bem contadas, conversas verdadeiras e brincadeiras reais. Precisam de conteúdos que respeitem sua inteligência e seu tempo de crescimento. E acima de tudo, que incentive mais o brincar e menos os barulhos desconexos da vida irreal.
Jéssica Oliveira - CRP 08/37555
Psicóloga Infantojuvenil, formada pela Universidade Paranaense - Unipar Sede. É especialista Psicologia Perinatal pela Fratelli e Educação Parental em Disciplina Positiva, Pós-graduada em Desenvolvimento Infantil e também em Terapia Cognitivo-Comportamental na Infância e Adolescência pelo CBI of Miami. Autora do Ebook infantojuvenil "Se Conhecendo para Crescer.
Hábitos que formamos na infância não fazem diferença, na verdade fazem toda a diferença"
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