Jéssica de Oliveira Silva
“Ansiedade infantil não é drama, é dor. E a dor não se ignora — se cuida, se acolhe.”

Muitas vezes a ansiedade é associada aos adultos, mas ela também afeta as crianças e é mais comum do que se imagina. Ter medo, preocupação ou insegurança em certas fases do desenvolvimento infantil é normal. Mas quando esses sentimentos se tornam frequentes, intensos e interferem no dia a dia da criança, é preciso atenção.
A ansiedade infantil pode se manifestar de diferentes formas e impactar o comportamento, o sono, a alimentação, o rendimento escolar e as relações sociais. Nem sempre a ansiedade aparece de forma óbvia. Crianças não costumam dizer “estou ansiosa”, então o corpo e o comportamento falam por elas. Fique atento a:
Sintomas emocionais:
● Medo exagerado (de errar, ficar sozinho, ir à escola)
● Irritabilidade ou choro fácil
● Preocupação constante, mesmo sem motivo claro
● Dificuldade de concentração
Sintomas físicos:
● Dor de barriga, dor de cabeça sem causa médica
● Falta de ar ou sensação de aperto no peito
● Sudorese ou tremores
● Fadiga frequente
Comportamentais:
● Evita situações novas ou de separação dos pais
● Se recusa a ir para a escola ou participar de atividades
● Acorda várias vezes à noite ou tem pesadelos
● Rituais ou comportamentos repetitivos (ex: roer unhas, balançar o corpo)
A ansiedade pode ser resultado de uma combinação de fatores, como:
● Mudanças na rotina (mudança de casa, escola ou nascimento de um irmão)
● Pressão por desempenho (escolar, esportivo, social)
● Ambientes familiares tensos ou superprotetores
● Histórico familiar de ansiedade ou transtornos mentais
● Exposição a conteúdo inadequado (inclusive nas telas)
É importante entender que a ansiedade nem sempre se mostra de forma clara. Muitas vezes ela aparece como “birra”, “preguiça”, “desobediência” ou “frescura”. Mas por trás dessas atitudes pode existir uma criança confusa, insegura e sobrecarregada emocionalmente.
O acolhimento começa na escuta. Validar os sentimentos, manter uma rotina segura, ensinar a nomear as emoções, criar uma rotina segura, evitar superproteção ou exposição forçada, ensinar técnicas de relaxamento e respiração, e oferecer presença real são atitudes que fazem a diferença.
E quando os sinais persistem e afetam a qualidade de vida da criança, buscar apoio psicológico é fundamental. Quanto mais cedo o cuidado emocional começa, maiores são as chances de uma infância saudável — e de um adulto mais seguro e equilibrado no futuro.
A criança ansiosa não precisa de julgamento. Precisa de alguém que veja além do comportamento e acolha o que o coração dela ainda não consegue explicar.
Jéssica Oliveira - CRP 08/37555
Psicóloga Infantojuvenil, formada pela Universidade Paranaense – Unipar Sede. É especialista Psicologia Perinatal pela Fratelli e Educação Parental em Disciplina Positiva, Pós-graduada em Desenvolvimento Infantil e também em Terapia Cognitivo-Comportamental na Infância e Adolescência pelo CBI of Miami. Autora do Ebook infantojuvenil "Se Conhecendo para Crescer.
"Hábitos que formamos na infância não fazem diferença, na verdade fazem toda a diferença"
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