Audiência pública na Assembleia propõe medidas contra “rabeiras” e violência nos ônibus após morte de adolescente

Com foco na segurança no transporte coletivo, autoridades estaduais e municipais debatem projeto que transforma em infração administrativa a prática ilegal que vitimou jovem de 14 anos
A trágica morte de um adolescente de 14 anos que se segurava na traseira de um ônibus em Curitiba — prática conhecida como “rabeira” — mobilizou autoridades, representantes de empresas e usuários do transporte coletivo em uma audiência pública realizada nesta terça-feira (13), na Assembleia Legislativa do Paraná.
Proposto pelo deputado estadual Ney Leprevost (União), o encontro debateu medidas para coibir a prática, além de discutir ações contra a importunação sexual e os furtos nos coletivos da capital. O parlamentar anunciou a apresentação de um projeto de lei que transforma a rabeira em infração administrativa em todo o Estado, prevendo inclusive a apreensão dos equipamentos utilizados, como bicicletas e skates.
“Queremos que a lei tenha abrangência estadual. O objetivo é preservar vidas e proteger os motoristas, que também sofrem com o trauma desses acidentes”, afirmou Leprevost, ao destacar a coautoria dos deputados Delegado Jacovós (PL) e Pedro Paulo Bazana (PSD).
Impactos psicológicos e operacionais
Angelo Gulin Neto, presidente do Setransp, relatou os impactos emocionais nos condutores de ônibus. “O motorista envolvido na morte do adolescente ainda está afastado, em tratamento psicológico. Precisamos pensar também nesses profissionais”, frisou. Gulin também relatou que tentativas anteriores de barrar fisicamente as rabeiras nos veículos foram destruídas pelos próprios praticantes.
Assédio e furtos também em pauta
A audiência também abordou os crescentes casos de importunação sexual e assaltos. Segundo Gulin, apenas neste ano já foram registrados 15 arrastões, além de assédios e vandalismos. Atualmente, cerca de 65% da frota tem câmeras de segurança, número que deve crescer com a renovação dos veículos.
Propostas e encaminhamentos
Entre os encaminhamentos do encontro estão a criação de um grupo permanente para discutir a segurança nos coletivos, a ampliação do videomonitoramento para 100% da frota de Curitiba, o uso de reconhecimento facial e a integração das imagens com a polícia.
Também foi sugerida a inclusão de policiais à paisana nos ônibus e o fortalecimento de ações educativas em escolas, conselhos e nas famílias. O tenente-coronel Mário do Carmo sugeriu a inclusão do tema no Proerd, programa de prevenção da Polícia Militar.
Mobilidade e responsabilidade compartilhada
“O transporte coletivo não é o problema, é parte da solução para os desafios urbanos. Mas precisamos garantir que ele seja seguro e acolhedor para todos”, afirmou Gilson Santos, diretor da Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep).
A audiência reuniu também representantes do Detran, Polícia Civil, BPTran, Urbs, OAB/PR, vereadores de municípios da RMC e conselhos da infância e juventude. Para todos os participantes, a conclusão é unânime: a segurança no transporte coletivo exige uma resposta rápida, integrada e educativa.
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